Atrito
Quão formosa e bela és ó minha amada
Da doce e lânguida face pálida
Com tuas esguias maçãs rosadas
Com este teu longo cabelo negro
Que cai em suas curvas à luz do luar
Sua pele gélida -mas- serena
Quanto a névoa que sombriamente cobre
Essas frias lápides taciturnas
E seu olhar tão profundo e inebriante
Como taças de vinho transbordantes
Que me falecem no doce e vão sonhar
Não somente em sonho minha querida
Sua beleza deve-se contemplar
Ao calor que sua alva pele esconde
A maciez dos seios ao tocar
A névoa de tão fúnebre ambiente
Nada mais é do que um impuro vapor
Do movimento noturno da brisa
Crepitante que envolve o nosso amor
Não quero, não posso, não devo "tocar"
A virgem sagrada pura e sem par
Tão distante, longe de minhas mãos
Tremulantes e agora umedecidas
Que a terra um dia há de devorar
Oh! Seria mais fácil crua morte
De se superar do que essas simplórias
Mas doces palavras e confissões
Que de mi boca ninguém há de ouvir
Para que destilas tamanho amor
Se coragem lhe falta ao transmiti-lo
Ouse o toque, arrisque o beijo
Aqueça su'alma com tanto calor
Sutileza, discrição
Não lhe assustes com essa reação
Por mais tentadora a sua beleza
Deus -sábio- não forneceu asas à cobra
Não dê asas ao teu pobre coração
Devido a encantadora perfeição
Nenhum de nós, meu amigo pagão
Merece tanta doçura de um anjo...
Que se tenha o ópio como amado algoz
E liberte-nos da débil paixão
Deste meu triste fim da dor artroz
Gizelle Marques
Israel Eller
Mariem Faria
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