terça-feira, 16 de novembro de 2010

Anna, Ângela e Emma


O romantismo é uma escola literária onde a mulher era vista como uma musa linda, amada e desejada. Ela era razão da vida e um bom motivo para morrer. O amor era sinônimo de sofrimento, e, às vezes, podia levar a morte. Já no realismo o amor se resumia ao prazer carnal e não vinha em primeiro plano como no romantismo e a mulher era retratada nas obras como elas realmente eram na sociedade do século XIX (praticamente existiam para a função da reprodução, companhia de eventos sociais e administração do lar). No romantismo o casamento era uma realização, a conquista da felicidade e no realismo era uma instituição vencida.
Dentro do realismo Anna Karenina de Leo Tolstói e Madame Bovary de Gustave Flaubert, respectivamente, os dois maiores romances já escritos mostram, assim como no ultrarromantismo brasileiro, Noite na Taverna de Álvares de Azevedo, como a mulher se sentia em relação ao casamento e como era a sociedade da época de acordo com cada momento literário.

A obra de Álvares relata a vida de boêmios em uma taverna onde cada um conta sobre suas frustrações amorosas e suas histórias sombrias. Uma delas é a de Bertram apaixonado por Ângela. Eles ficam juntos até num ponto em que ele vai pra Dinamarca cuidar do pai que está doente. O tempo passa e quando ele retorna, Ângela está casada, mas ainda o ama. Eles então começam a se encontrar e o marido dela descobre. Ela mata o marido e o filho e foge com Bertram, mas acaba o abandonando.

Em Anna Karenina, o autor já mostra uma vida que era pra ser perfeita de um casal, que viviam em uma classe social favorável, e mostra uma constituição bem sólida. Até ela partir para Moscou por questões familiares e apaixonar-se por um homem, o qual a leva a abandonar o marido e o filho. Dominada pela intensa paixão esquece as obrigações e viaja com o seu amado para o exterior; o remorso, a saudade do filho devagar destrói a felicidade que ela imaginava encontrar nos braços de seu amante. Devagar a paixão vai se diluindo, Anna percebe que é impossível voltar atrás, entra em desespero, deixa o causador de sua desgraça e atira-se embaixo de um trem.

Madame Bovary, conta a vida de um médico, Charles, que embora já casado, sentia-se atraído por sua paciente, Emma Bovary, uma mulher bonita, de boa educação. A esposa do médico morre e, com o consentimento do pai de Emma, eles se casam e tem uma filha.

Apesar de o marido ser um homem de boa condição financeira, bem visto pela sociedade, o protótipo de homem ideal para qualquer mulher, a senhora Bovary se torna uma mulher desiludida com o casamento, que era bem menos emocionante do que a idealização feita nos romances que ela, sendo uma mulher culta, costumava ler. Ela percebe que o amor também não é aquele sentimento puro e perfeito. Emma se sente frustrada por ver que seus sonhos romântico-burgueses não se realizariam em sua realidade de vida no campo. Ou seja, como típica estória realista, o autor critica os modelos românticos.

Emma sente como se fosse uma mulher superior, mais esperta, mais bonita, melhor do que as outras. Ela acha que a vida que leva não é suficiente para torná-la feliz, então a personagem encontra no adultério a solução para fugir da mesmice que era a vida de uma mulher do século XIX. As traições cometidas por Madame Bovary são os centros do romance e também são característicos das estórias realistas, pois se trata de um tema polemico que acontecia, e ainda acontece, mas, na época, era ignorado pela sociedade como se fosse um tabu ou simplesmente por ser um assusto desconcertante para a maioria das pessoas.

A posição financeira de Anna é mais elevada que a de Madame Bovary, que apesar de ter uma educação considerada boa para a classe burguesa não se compara a da Senhora Karenina.

Em termos de personalidade, Anna é mais calma, pragmática, apaixonada; Emma idealista, sem controle, auto-iludidos, românticos, facilmente conquistados, teimoso e egoísta em todos os sentidos da palavra. Ângela possuía um ponto em comum entre as outras duas personagens (sem controle e apaixonada).
Em termos de vida social, Anna uma amplitude muito maior de familiares e amigos do que Emma, que prefere viver no seu mundo.

O relacionamento de Anna com seu filho, embora interrompida por seu marido, é amoroso e direto, cheio de carinho e talvez uma das mais verdadeiras relações, Emma, no entanto, nunca realmente se importou com a filha Berthe, que passou a ser apenas um aspecto trivial da sua vida. Ângela consegue ser pior do que as demais, matando seu próprio filho para levar uma vida de aventuras com uma paixão que não era o bastante.

O principal ponto em comum entre as três histórias é o adultério. Nas duas obras realistas o adultério é vista como uma consequência de um casamento frustrado. Em Noite na Taverna a traição é cometida em função de que Bertram era o verdadeiro amor.



Referências Bibliográficas:


www.en.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovary
www.profaureachristina.blogspot.com

www.associatedcontent.com/article/795707/comparison_of_anna_karenina_and_madame.html

Um comentário:

  1. Por onde eu posso começar...
    Bom... a proposta precisa existir no texto. Quer dizer, você precisa "apresentar" uma proposta. Tipo... a questão não é "a comparação"; mas sim "para que comparar uma obra com a outra?". Antes de começar a escrever, faça a seguinte pergunta a vocês mesmos: "Por que é que eu estou comparando Anna, Ângela e Emma? Com que intuito? Pra chegar aonde?"
    O que eu não estou conseguindo encontrar é "a proposta".
    Comparar por comparar, é vazio. É contar histórias isoladas, sem entrar uma..."proposta".
    Recorram às impressões de vocês e façam uma pergunta-chave. Se o adultério é o ponto de partida, ele está deslocado no texto, mas eu acho que talvez não seja.
    O que é que está intrigando vocês?? Qual é a dúvida ou o desvio que está formigando na sua cabeça, desde que começou a ler as obras??
    O que é a pulga atrás da sua orelha???
    Se vocês acharem...acharam "a proposta".
    Aí sim, começa o texto de vocês.

    Ah. Gostei das referências e do sit em inglês. Merecia ser citado, inclusive com o texto original. Mas não pode copiar nem parafrasear.

    Vamos lá, de novo!!
    Bom trabalho.
    Encontrem a pergunta-chave.

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