quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O realismo em Portugal

O realismo em Portugal representou uma tentativa de livrar o país da mentalidade romântico-cristã e levá-lo a “modernidade” por meio do contato com as novas idéias filosóficas e cientificas que circulavam na Europa.
Questão Coimbrã teve inicio quando Castilho, ao escrever um posfácio elogioso ao poema da mocidade aproveitou pra criticar um grupo de poemas de Coimbra (aqueles que ainda escreviam nos padrões românticos) a quem acusou exibicionistas e obscurantistas. Antero de Quental escreveu a Castilho em uma carta aberta em forma de panfleto, intitulado “Bom senso e bom gosto”. Nela Antero critica o apadrinhamento literário.
Para Antero a agressão sofrida não se limitava ao plano estritamente literário ou pessoal; era, na verdade, uma reação do velho contra o novo, do conservadorismo contra o progresso, da literatura de salão contra a literatura viva e atualmente exigida pelos novos tempos.
A questão Coimbrã durou todo o segundo semestre de 1865, com publicações e ataques de ambos os lados. Participaram dela Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Pinheiro Chagas.

A produção literária

A poesia na época se desdobrou em quatro direções:
A poesia realista propriamente dita: Caracterizada pela critica social e pelo engajamento político.
A poesia do cotidiano: Enfocou certos aspectos da realidade ate então considerados pouco poéticos, como a vida nos centros urbanos e nas áreas industriais.
A poesia metafísica: indagações em torno da vida, da morte e de Deus.
A poesia parnasiana: resgatar a tradição clássica deixada de lado pelo romantismo. Na poesia parnasiana o que importava era a forma, não o conteúdo.
A prosa de ficção: o ataque a burguesia, a monarquia, ao clero, as instituições sociais, aos falsos valores, e o compromisso com a doutrinação moral, social e filosófica. Nela se destaca Eça de Queirós, Fialho de Almeida e Abel Botelho.

A poesia moderna é a voz da revolução. Que importa que a palavra não pareça poética às vestais literárias do culto da arte pela arte? No ruído do desabar do império e da religião há ainda uma harmonia grave e profunda para quem escutar com a alma penetrada do terror santo deste mistério que é o destino das sociedades.

Antero de Quental


Foi o Líder intelectual que deu inicio ao realismo em Portugal. Seus primeiros poemas revelaram tendências místicas. Cultivava uma poesia de fundo filosófico e espiritual. Suicidou-se em 1891.
A poesia de Antero de Quental é a síntese da trajetória biográfica do autor. Nela podem ser observados alguns núcleos centrais: o lirismo amoroso, o erotismo e a religiosidade.
A obra "sonetos" segue uma nova direção: coincide com o período que o autor esteve acometido por uma estranha doença que o acompanhou ate o suicídio em 1891.

Eça de Queirós 


 É considerado o mais importante ficcionista do realismo português e um dos maiores em língua portuguesa. Estudou direito em Coimbra. Manteve-se afastado da questão comibã.
Em suas obras, Eça tece crítica à vida social portuguesa, denunciando a corrupção, do clero e a hipocrisia dos valores burgueses.
Com a colaboração de Ramalho Ortigão escreveu um romance policial, O mistério de Sintra. 
Sua primeira obra importante foi O Crime do Padre Amaro, seguida de O primo Basílio (romance fortemente influenciado por Madame Bovary, de Gustave Flaubert). Os Maias foi considerada a mais perfeita obra de arte literária produzida em Portugal desde os Lusíadas de Camões que causou escândalo por sua ousadia. Outras obras: A ilustre casa de Ramires, A capital, A relíquia, O conde d’abranhos e A cidade e as Serras.

 por: Edna Maria e Luane Portes

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