O realismo em Portugal representou uma tentativa de livrar o país
da mentalidade romântico-cristã e levá-lo a “modernidade” por meio do contato
com as novas idéias filosóficas e cientificas que circulavam na Europa.
Questão Coimbrã teve inicio quando Castilho, ao escrever um
posfácio elogioso ao poema da mocidade aproveitou pra criticar um grupo de
poemas de Coimbra (aqueles que ainda escreviam nos padrões românticos) a quem
acusou exibicionistas e obscurantistas. Antero de Quental escreveu a Castilho
em uma carta aberta em forma de panfleto, intitulado “Bom senso e bom gosto”.
Nela Antero critica o apadrinhamento literário.
Para Antero a agressão sofrida não se limitava ao plano
estritamente literário ou pessoal; era, na verdade, uma reação do velho contra
o novo, do conservadorismo contra o progresso, da literatura de salão contra a
literatura viva e atualmente exigida pelos novos tempos.
A questão Coimbrã durou todo o segundo semestre de 1865, com
publicações e ataques de ambos os lados. Participaram dela Teófilo Braga,
Ramalho Ortigão e Pinheiro Chagas.
A produção literária
A poesia na época se desdobrou em quatro direções:
• A poesia realista propriamente
dita: Caracterizada pela critica social e pelo engajamento político.
• A poesia do cotidiano: Enfocou
certos aspectos da realidade ate então considerados pouco poéticos, como a vida
nos centros urbanos e nas áreas industriais.
• A poesia metafísica: indagações
em torno da vida, da morte e de Deus.
• A poesia parnasiana: resgatar a
tradição clássica deixada de lado pelo romantismo. Na poesia parnasiana o que
importava era a forma, não o conteúdo.
• A prosa de ficção: o ataque a
burguesia, a monarquia, ao clero, as instituições sociais, aos falsos valores,
e o compromisso com a doutrinação moral, social e filosófica. Nela se destaca
Eça de Queirós, Fialho de Almeida e Abel Botelho.
A poesia
moderna é a voz da revolução. Que importa que a palavra não pareça poética às
vestais literárias do culto da arte pela arte? No ruído do desabar do império e
da religião há ainda uma harmonia grave e profunda para quem escutar com a alma
penetrada do terror santo deste mistério que é o destino das sociedades.
Antero de Quental
Foi o Líder intelectual que deu inicio ao realismo em Portugal. Seus
primeiros poemas revelaram tendências místicas. Cultivava uma poesia de fundo
filosófico e espiritual. Suicidou-se em 1891.
A poesia de Antero de Quental é a síntese da trajetória biográfica
do autor. Nela podem ser observados alguns núcleos centrais: o lirismo amoroso,
o erotismo e a religiosidade.
A obra "sonetos" segue uma nova direção: coincide com o período que
o autor esteve acometido por uma estranha doença que o acompanhou ate o
suicídio em 1891.
Eça de Queirós
É considerado o mais importante ficcionista do realismo português
e um dos maiores em língua portuguesa. Estudou direito em Coimbra. Manteve-se
afastado da questão comibã.
Em suas obras, Eça tece crítica à vida social portuguesa,
denunciando a corrupção, do clero e a hipocrisia dos valores burgueses.
Com a colaboração de Ramalho Ortigão escreveu um romance policial,
O mistério de Sintra.
Sua primeira obra importante foi O Crime do Padre Amaro,
seguida de O primo Basílio (romance fortemente influenciado
por Madame Bovary, de Gustave Flaubert). Os Maias foi considerada
a mais perfeita obra de arte literária produzida em Portugal desde os Lusíadas
de Camões que causou escândalo por sua ousadia. Outras obras: A ilustre casa
de Ramires, A capital, A relíquia, O conde d’abranhos
e A cidade e as Serras.
por: Edna Maria e Luane Portes
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